Saturday, December 22, 2007

Cine Capitólio: retrato de uma época.

Década de 50 (século passado!), início da adolescência. Diversão principal, ir ao cinema ou às “brincadeiras”: reuniões dançantes, principalmente em aniversários de 15 anos.
Dos cinemas de então, o mais elegante era o Capitólio onde, como diria Lula, iam as “zelites”.
Matiné dos domingos. Onde ficar: na platéia ou no “trenzinho”?
Na platéia geralmente já com a guria ao lado. Nada de agarramentos; se possível de mãos dadas. Ah! Pegar da mão! Quase como estar no céu.
No trenzinho ficavam os descompromissados, tentando, e às vezes conseguindo, flertar com as gurias da platéia.
Quando sobravam uns trocados, após pagar a entrada, o chique era chamar o Baleiro. Um quarteto formado por Kanelão, Carpim, Zigomar e Romano. Gente fina! Gente de outra época. Depois escolher o que comprar, quando o dinheiro dava para fazer escolhas: Chocolate Gardano, Taco de Ouro e as caixinhas vermelhas de passas de uva.
Na saída dar um pulo até a Quinze, para seguir olhando as gurias e até arriscar um sanduíche na Taberna do Willy.
Aos sábados a noite havia o “programa duplo”: pagava-se uma entrada e se via dois filmes. Geralmente terminava lá pelas 11 da noite e se podia, ainda, dar uma circulada em volta da Praça ou, novamente, uma passada na Quinze. Sem medo, pois bandido só o Pinóquio, que “atuava” na Várzea.
Os anos passaram, as filas (também chamadas de bichas), que quase circundavam o quarteirão do Capitólio, foram diminuindo, outros cinemas começaram a fechar e a culpa, como sempre, caiu no expectador, que não “prestigiava”, ficava em casa vendo vídeo-cassete, depois DVD, etc.
Culpa só nossa? E os Empresários? O que fizeram para melhorar os cinemas, dar o conforto do ar-condicionado no verão e a calefação no inverno? E a segurança? Cinemas “de rua”, realmente estão em extinção, mas poderiam, enquanto não existir um shopping em Pelotas, pelo menos contratar algum tipo guarda, vigia, vigilante, sei lá o quê, para não sermos assaltados ao final da sessão de cinema.
Convenhamos, ficar sem cinemas em nossa cidade é mais um atestado da mentalidade estreita que permeia a cabeça de nossos empreendedores.

1 Comments:

Blogger Henriquices said...

pois eh, eu nem vivi os tempos aureos dos cinemas pelotenses, mas fiquei super triste aquele dia em que estacionamos no capitólio...ver os carros parados no piso de parquet, com a tela ao fundo, foi muito chocante!

bj
cris

5:06 AM  

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