Tuesday, August 21, 2007

Uma releitura para a personagem Ema de Madame Bovary.

Enquanto estava no quarto, arrumando-se para a Noite do Brilho, onde seria homenageada por ter se destacado na administração de uma Clínica, Ema pensava no que tinha sido sua vida até aquele momento.
Conhecera Charles quando este, recém formado, tinha vindo à sua casa para examinar seu velho pai, que torcera o pé ao cair no banheiro.
Charles havia notado aquela mulher de belos olhos castanhos, francos e arrojados, de mãos pálidas e alvas unhas. Cabelos longos, repartidos ao meio se juntavam atrás da nuca em uma longa trança. As faces rosadas iluminavam a sala. Apaixonou-se de imediato.
Ema também ficou impressionada com a presença bonita daquele jovem, que tão gentilmente atendia o pai.
As conseqüências são sabidas: depois de um período longo de noivado, preparações de enxoval, escolha de local, bufês, convidados, etc. haviam casado já há alguns anos.
Com o tempo se desencantara. Sonhara uma vida glamurosa, de viagens, conhecimento de lugares exóticos, passeios de mãos dadas ao luar, um cottage francês. Nada disso acontecera. Charles não conseguia perceber os desejos da mulher; sua conversa era lisa como o passeio da rua. Não demonstrava nenhuma curiosidade em conhecer outras cidades, não praticava nenhum esporte. Não ensinava nada; a vida amorosa era escassa e sem criatividade. Supunha-a feliz, portanto não questionava nada.
Ela, agora, diante do espelho, se dava conta que a vida estava passando, que se dedicara à administração da Clínica do marido, estava sendo homenageada, mas o coração enregelara, sonhos haviam morrido.
Não deveria morrer também?

1 Comments:

Blogger .... said...

confesso que não conheço bem a história, mas gostei do texto.

beijos, pai

9:16 PM  

Post a Comment

<< Home