FREUD SÓ PENSAVA “NAQUILO”?
Durante uma palestra minha alguém da platéia perguntou por que nós, Psiquiatras e Psicanalistas, só pensamos em violência e sexo quando, na vida, há outras coisas tão mais ricas e bonitas.
Não era a primeira vez que tal pergunta surgia. Por isso não fiquei surpreendido; estou acostumado com essa visão equivocada do que seja a Psicanálise.
Muita gente pensa que a Psicanálise nos enxerga como bichos, o que não é justo, pois ninguém formulou, sobre as emoções humanas, uma idéia tão romântica, lírica e poética quanto Freud.
A Psicanálise nos ensina que já nascemos apaixonados. Quando estamos nos braços de nossa mãe não é só proteção, alimentação, calor e abrigo o que buscamos. Queremos que ela nos dê leite e... deleite. Queremos dela alimento para o nosso corpo e para nossa mente. Caro leitor, somos seres emocionados desde o primeiro ao último suspiro de nossas vidas! Já nascemos enfeitiçados por este feitiço que é o amor.
Amor é correspondência, é sintonizar à emoção daqueles que amamos e ser por eles sintonizados na nossa emoção. Tudo no amor tem de ser mútuo; nada nos fascina tanto quanto cativarmos aqueles que nos seduziram.
Só que esse amor não é platônico, ou apenas incorpóreo. Ninguém nasce anjinho, sueco ou alemão. Em nossas artérias e veias pulsa o sangue quente da paixão.
Somos pessoas de carne e osso; almas encarnadas. Na profundidade de nossas emoções não há atração de espíritos sem atração de corpos. Como não há atração de corpos sem atração de espíritos. A essência do amor é isso: um entusiasmo sensualizado, uma sensualidade entusiasmada. Ao estarmos enamorados buscamos um entrelaçamento de coração, cabeça, corpo e membros. Isso é o que Freud chama de sexualidade e não alguma animalidade no cio.
São energias que vibram e fazem vibrar nossa alma e nossos corpos. Não fossem essas energias em pouco tempo estaríamos todos mortos. São elas que garantem a continuidade da espécie, além – é claro – de garantirem todo o colorido da vida.
Toda timidez, angústia, depressão, etc. está intimamente ligada à percepção de que não somos, ou fomos suficientemente amados, que representamos pouca coisa no coração dos outros ou que perdemos algo ou alguém. Os bem-amados possuem sempre um sólido sentimento de segurança e auto-estima.
O amor, desde que razoavelmente correspondido no seu leito principal, desde que não excessivamente bloqueado no seu fluxo original, inunda todo o universo. “Irriga as plantas, preocupa-se com as baleias, os golfinhos e todos os bichos em extinção, enfim, procupa-se com a natureza, gerando sentimentos ecológicos; inunda todos os povos, culturas e países, gerando os sentimentos de fraternidade e os ideais políticos; decola da terra e levanta vôo para o céu, gerando sentimentos religiosos. Porque o amor é a essência da própria vida”.
Portanto, caro leitor, isso é que é sexualidade para a Psicanálise. Só quando ferida é que gera a brutalidade, o estro sem afeto, a violência.
Agora eu pergunto: existe alguma idéia mais bonita, mais poética e mais romântica do que a idéia que a Psicanálise faz de todos nós?
Dr. Nei Guimarães Machado
Médico Psiquiatra.
Publicado no Diário Popular de 19/07/2005.
Durante uma palestra minha alguém da platéia perguntou por que nós, Psiquiatras e Psicanalistas, só pensamos em violência e sexo quando, na vida, há outras coisas tão mais ricas e bonitas.
Não era a primeira vez que tal pergunta surgia. Por isso não fiquei surpreendido; estou acostumado com essa visão equivocada do que seja a Psicanálise.
Muita gente pensa que a Psicanálise nos enxerga como bichos, o que não é justo, pois ninguém formulou, sobre as emoções humanas, uma idéia tão romântica, lírica e poética quanto Freud.
A Psicanálise nos ensina que já nascemos apaixonados. Quando estamos nos braços de nossa mãe não é só proteção, alimentação, calor e abrigo o que buscamos. Queremos que ela nos dê leite e... deleite. Queremos dela alimento para o nosso corpo e para nossa mente. Caro leitor, somos seres emocionados desde o primeiro ao último suspiro de nossas vidas! Já nascemos enfeitiçados por este feitiço que é o amor.
Amor é correspondência, é sintonizar à emoção daqueles que amamos e ser por eles sintonizados na nossa emoção. Tudo no amor tem de ser mútuo; nada nos fascina tanto quanto cativarmos aqueles que nos seduziram.
Só que esse amor não é platônico, ou apenas incorpóreo. Ninguém nasce anjinho, sueco ou alemão. Em nossas artérias e veias pulsa o sangue quente da paixão.
Somos pessoas de carne e osso; almas encarnadas. Na profundidade de nossas emoções não há atração de espíritos sem atração de corpos. Como não há atração de corpos sem atração de espíritos. A essência do amor é isso: um entusiasmo sensualizado, uma sensualidade entusiasmada. Ao estarmos enamorados buscamos um entrelaçamento de coração, cabeça, corpo e membros. Isso é o que Freud chama de sexualidade e não alguma animalidade no cio.
São energias que vibram e fazem vibrar nossa alma e nossos corpos. Não fossem essas energias em pouco tempo estaríamos todos mortos. São elas que garantem a continuidade da espécie, além – é claro – de garantirem todo o colorido da vida.
Toda timidez, angústia, depressão, etc. está intimamente ligada à percepção de que não somos, ou fomos suficientemente amados, que representamos pouca coisa no coração dos outros ou que perdemos algo ou alguém. Os bem-amados possuem sempre um sólido sentimento de segurança e auto-estima.
O amor, desde que razoavelmente correspondido no seu leito principal, desde que não excessivamente bloqueado no seu fluxo original, inunda todo o universo. “Irriga as plantas, preocupa-se com as baleias, os golfinhos e todos os bichos em extinção, enfim, procupa-se com a natureza, gerando sentimentos ecológicos; inunda todos os povos, culturas e países, gerando os sentimentos de fraternidade e os ideais políticos; decola da terra e levanta vôo para o céu, gerando sentimentos religiosos. Porque o amor é a essência da própria vida”.
Portanto, caro leitor, isso é que é sexualidade para a Psicanálise. Só quando ferida é que gera a brutalidade, o estro sem afeto, a violência.
Agora eu pergunto: existe alguma idéia mais bonita, mais poética e mais romântica do que a idéia que a Psicanálise faz de todos nós?
Dr. Nei Guimarães Machado
Médico Psiquiatra.
Publicado no Diário Popular de 19/07/2005.
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