Comentário sobre o filme: “Amistad”.
Temática: corre o ano de 1839. Em um navio negreiro espanhol, La Amistad, que navega em direção a Cuba, dezenas de negros se amotinam e matam a maioria da tripulação. Obrigam dois sobreviventes a levá-los para a África, mas desconhecendo as rotas marítimas, são enganados e levados para a costa leste dos Estados Unidos. Presos, são acusados de assassinato, o que dá início a um longo e polêmico processo, que irá confrontar o norte abolicionista com o sul escravista. Prenúncio da Guerra da Secessão. Vemos, então, os interesses conflitantes entre a Coroa Espanhola, traficantes de escravos e comerciantes americanos reclamando a posse da “mercadoria humana”, numa batalha de tribunal onde a incompreensão humana, aliada à dificuldade de comunicação, mostra o quão frágil pode ser o ideal de liberdade.
Situação histórica: na passagem do século XVIII para o XIX, os Estados Unidos recém independentes formam uma pequena nação que se estende do Atlântico ao Mississipi.
Começa, então, o expansionismo para o Oeste, justificado pelo princípio do “Destino Manifesto”, que dizia serem os colonos americanos predestinados por Deus para conquistar os territórios entre o Atlântico e o Pacífico. A descoberta de ouro na Califórnia em 1848, aliada a uma vasta rede ferroviária iniciada em 1829, leva o expansionismo americano a construir cidades e ocupar territórios anteriormente pertencentes aos índios. Um verdadeiro genocídio físico e cultural dos nativos.
Cabe dizer, no entanto, que a diplomacia americana na primeira metade do século XIX foi bastante exitosa, conseguindo adquirir os territórios da Louisiana (da França), a Flórida (da Espanha), o Oregon (da Inglaterra) e o Alasca (da Rússia), após a Guerra da Secessão.
Em 1845 colonos norte-americanos proclamam a independência do Texas em relação ao México, o que leva a ex-colonia espanhola a perder os territórios do Novo México, Califórnia, Utah, Arizona, Nevada e parte do Colorado. Segue-se uma grande corrente migratória de europeus atraídos pela facilidade de adquirir terras. Isso torna mais flagrante o antagonismo entre o norte e o sul.
No norte o capital acumulado cria condições favoráveis ao desenvolvimento industrial. Já o sul, de clima quente e seco, permanece estagnado em uma economia agro-exportadora de algodão e tabaco, permanentemente necessitada de mão de obra escrava. A eleição, em 1860, de Abraham Lincoln, um abolicionista moderado, traz como resultado o separatismo sulista dando início, em 1861, a Guerra da Secessão (Guerra Civil dos Estados Unidos), que durou até 1865 e deixou cerca de 600 mil mortos.
O filme: drama dirigido com competência por Steven Spielberg, não teve a acolhida de público que merecia, talvez por tocar numa velha ferida americana (e, por que não, de todos nós): a escravidão humana e os conflitos étnicos surgidos deste problema. Situação que segue vigente, agora disfarçada na questão das cotas raciais.
Iluminação e fotografia (Janusz Kaminski) primorosas, reconstituição de época também (Rick Carter), traz desempenhos brilhantes. Destaque para Anthony Hopkins no papel do Ex-Presidente americano John Quincy Adams e Djimon Hounsou no papel de Cinque, o líder dos escravos. Gostei muito, também, de Matthew McConaughey no papel do advogado de defesa, cheio de manhas, mas, também, de incertezas.
Enfim, um belo filme, com sua mensagem vibrante de respeito à Liberdade e combate ao Preconceito (racial, social, político, etc.).
Nei Guimarães Machado. Oficina de Cinema – CETRES. Maio de 2008.
Temática: corre o ano de 1839. Em um navio negreiro espanhol, La Amistad, que navega em direção a Cuba, dezenas de negros se amotinam e matam a maioria da tripulação. Obrigam dois sobreviventes a levá-los para a África, mas desconhecendo as rotas marítimas, são enganados e levados para a costa leste dos Estados Unidos. Presos, são acusados de assassinato, o que dá início a um longo e polêmico processo, que irá confrontar o norte abolicionista com o sul escravista. Prenúncio da Guerra da Secessão. Vemos, então, os interesses conflitantes entre a Coroa Espanhola, traficantes de escravos e comerciantes americanos reclamando a posse da “mercadoria humana”, numa batalha de tribunal onde a incompreensão humana, aliada à dificuldade de comunicação, mostra o quão frágil pode ser o ideal de liberdade.
Situação histórica: na passagem do século XVIII para o XIX, os Estados Unidos recém independentes formam uma pequena nação que se estende do Atlântico ao Mississipi.
Começa, então, o expansionismo para o Oeste, justificado pelo princípio do “Destino Manifesto”, que dizia serem os colonos americanos predestinados por Deus para conquistar os territórios entre o Atlântico e o Pacífico. A descoberta de ouro na Califórnia em 1848, aliada a uma vasta rede ferroviária iniciada em 1829, leva o expansionismo americano a construir cidades e ocupar territórios anteriormente pertencentes aos índios. Um verdadeiro genocídio físico e cultural dos nativos.
Cabe dizer, no entanto, que a diplomacia americana na primeira metade do século XIX foi bastante exitosa, conseguindo adquirir os territórios da Louisiana (da França), a Flórida (da Espanha), o Oregon (da Inglaterra) e o Alasca (da Rússia), após a Guerra da Secessão.
Em 1845 colonos norte-americanos proclamam a independência do Texas em relação ao México, o que leva a ex-colonia espanhola a perder os territórios do Novo México, Califórnia, Utah, Arizona, Nevada e parte do Colorado. Segue-se uma grande corrente migratória de europeus atraídos pela facilidade de adquirir terras. Isso torna mais flagrante o antagonismo entre o norte e o sul.
No norte o capital acumulado cria condições favoráveis ao desenvolvimento industrial. Já o sul, de clima quente e seco, permanece estagnado em uma economia agro-exportadora de algodão e tabaco, permanentemente necessitada de mão de obra escrava. A eleição, em 1860, de Abraham Lincoln, um abolicionista moderado, traz como resultado o separatismo sulista dando início, em 1861, a Guerra da Secessão (Guerra Civil dos Estados Unidos), que durou até 1865 e deixou cerca de 600 mil mortos.
O filme: drama dirigido com competência por Steven Spielberg, não teve a acolhida de público que merecia, talvez por tocar numa velha ferida americana (e, por que não, de todos nós): a escravidão humana e os conflitos étnicos surgidos deste problema. Situação que segue vigente, agora disfarçada na questão das cotas raciais.
Iluminação e fotografia (Janusz Kaminski) primorosas, reconstituição de época também (Rick Carter), traz desempenhos brilhantes. Destaque para Anthony Hopkins no papel do Ex-Presidente americano John Quincy Adams e Djimon Hounsou no papel de Cinque, o líder dos escravos. Gostei muito, também, de Matthew McConaughey no papel do advogado de defesa, cheio de manhas, mas, também, de incertezas.
Enfim, um belo filme, com sua mensagem vibrante de respeito à Liberdade e combate ao Preconceito (racial, social, político, etc.).
Nei Guimarães Machado. Oficina de Cinema – CETRES. Maio de 2008.